Pensando na existência

Sim, é tudo tão óbvio! “Penso, logo existo!”.
Existo porque penso, mas se não existisse, não pensava. Penso porque quero existir, mas quero existir porque desejo pensar. Desejo pensar, porque tenho por onde e tenho por onde pensar apenas porque existo. Se por vezes não quero existir, sempre quero pensar. Mas às vezes, anseio por existir e não quero pensar. Enfim, o que mais devo querer: pensar em existir, existir em pensar, pensar para existir, existir para pensar, apenas pensar ou apenas existir?
E pensando na existência, seguindo o pensamento lógico de que existir consiste em sentir que existo e que penso, e pensar consiste em sentir que existo e pensar sobre o que existe à minha volta, me leva à noção de que se eu penso e existo e se vejo coisas que rodeiam a minha existência, tudo pode vir a existir. Então eu existo e este computador à minha frente também existe. Mas o computador não pensa por si, eu penso por ele. Então, se penso, existo e faço com que outras coisas existam.
penso logo existo 1
Muito bem, já não vou entrar em crise sabendo da existência dessas coisa que me ligam ao mundo. E apesar de existir, não conheço exatamente o mundo e acho que ele não pensa, mas assim como o mundo e o computador não pensam, a garrafa, a caneta, o papel, o  carro, a casa e outras mil coisas também não pensam. No entanto, se eu pensar por todas essas coisas, não conseguirei ter tempo de pensar por mim. No entanto, percebo que estas coisas que mencionei não precisam pensar para existir. Será que se eu não pensasse eu continuaria a existir? Não quero fazer esse teste e acabar descobrindo que se eu não pensar eu deixarei de existir. Porque penso não apenas por vontade própria, mas involuntariamente meu cérebro pensa que meu coração deve bater para o sangue circular e transportar tudo aquilo que ele transporta. Então mesmo que eu não queira pensar, acabo pensando. E no momento que estou pensando nisso, outras mil coisas são pensadas dentro de outros pensamentos. Será, então, que sou um grande pensamento com mais outros minúsculos pensamentos? Será então, que existir é ser o pensamento e que pensar é existir?
Olha, sinceramente isso já me deixou zonza de tanta confusão. E outra: o que me importa é que eu penso, você pensa, nós pensamos. Se pensar é existir, nós existimos e isso me basta. Afinal, parece que realmente perguntar é mais fácil do que responder e supor é mais fácil do que provar.
Concluo portanto, cansada, que a frase “Penso, logo existo!” é verdadeira. Caso encerrado!

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