Sentido aos sentidos
Esta lendo este texto "Sintaxe da linguagem visual". Ele basicamente diz que tudo é composto por ponto, forma, textura, volume, cor, movimento, composição, luz, linha, plano, fundo, contraste, direção, tom, dimensão e escala. Ufa: é muita coisa, né? Simplificando: os elementos visuais são a substância básica de tudo o que vemos, é a matéria-prima de toda informação visual.
Desmembrando cada um dos elementos visuais, temos que:
- o ponto é a menor e mais simples unidade de comunicação. Com ele entendemos mensagens inteiras, modificamos informações e construímos produtos imensos;
- a linha é um ponto em movimento, ou ainda a história do movimento de um ponto. Linhas formam muitas coisas e, esteticamente, são responsáveis pela maior parte das composições harmônicas que criamos;
- a forma é a descrição da linha: quadrado, redondo, triângulo. Apesar de termos em mente que a origem de tudo é o redondo (elipse), percebemos que o que tem ao nosso redor é a justaposição de milhares de informações em formas geométricas;
- a direção depende diretamente da forma: se for quadrada, é reta (pensando no ângulo de 90°); se for triangular, é diagonal; se for redondo, é curva;
- o tom é a intensidade da obscuridade ou claridade de qualquer coisa, é a variação de luz (basicamente, mais percebida, notada em tons de cinza. Se pegarmos uma foto P&B teremos a clara noção do que são tons pela relação de luz e sombra projetada em tons de cinza). Poucos sabem mas o tom é mais vital que a cor: com ele temos a noção de profundidade e distância, o que nos permite sobreviver (tanto faz se é na selva ou na cidade, porque ambos os lugares são perigosos nas devidas proporções);
- a cor é, basicamente, a nossa percepção visual sobre fótons processados pelos nossos nervos óticos. Mas o mais importante é saber que as cores podem até não ser tão vitais, mas elas tem afinidades diretas com nossas emoções e são essenciais numa mensagem visual. A cor possui 3 dimensões: matiz ou croma (a cor em si. Cada matiz possui características individuais), saturação (pureza relativa de uma cor, do matiz ao cinza. Quanto mais saturada, menos cinza, mais expressão e emoção apresenta) a acromática (brilho relativo, do claro ao escuro, das gradações tonais ou de valor). É importante lembrar que o nosso olho faz um trabalho de contraste simultâneo, ou seja, procura o tom complementar da cor para obter seu equilíbrio inicial e no caso de não encontrar o tom complementar, projeta-se o mesmo em alguma cor localizado próximo a cor original;
- a escala é a relação de tamanho que se dá pela comparação de elementos. Vou enfatizar duas coisas que achei importantes: o que realmente importa é a justaposição que é "o que se encontra ao lado do objeto visual, em que cenário ele se insere" e a segunda coisa importante é que o fator fundamental é a medida do próprio homem;
- a dimensão existe apenas no mundo real, nas representações ela está implícita de modo que a faz depender diretamente da ilusão;
- o movimento encontra-se mais frequentemente implícito do que explícito no modo visual, apesar de ser uma das forças visuais mais dominantes da experiência humana.
Bom, falei que falei e ainda faltou uma coisa, a que achei mais curiosa de todas. E por coincidência, é a que está faltando nesta listinha que fiz com conceitinhos mágicos. Se contar direitinho, verá que faltou falar da textura: elemento visual que substitui qualidades do tato. A maior parte de nossa experiência com a textura é ótica, não tátil.
Ok, mas por que deixar esse elemento visual de fora da lista e por que pombas me chamou tamanha atenção? Simples: tente sentir como é a seguinte imagem:
Se você soube descrever, mas não soube sentir ou ter a sensação de sentir algo do tipo, então eis a comprovação do que foi dito: de tanto desenvolvermos nosso lado Audiovisual (imagem e som), que esquecemos os demais sentidos. Quando foi a última vez que você foi ao museu e teve que se conter num esforço relativamente grande para não tocar nas obras de arte? Quando foi a última vez que você parou para sentir a textura de uma folha qualquer de uma árvore qualquer? Quando foi a última vez que você pensou em tato e não em visão e audição?
Andando pelas ruas de São Paulo e observando as crianças que andam com seus pais é possível perceber como querem testar tudo: se há um degrau passível de se subir, não vou andar na calçada, vou andar no degrau e depois voltar a calçada; se há uma parede com textura diferente, não vou andar de braços abaixados, vou passar a mão na parede e entender como é.
Se falta energia em casa, à noite, as pessoas geralmente não fazem mais nada: vão dormir. E se você parasse para ouvir o que a noite tem para sonorizar? E se você tentasse cozinhar algo: pelo tato descobrir os potes, os temperos, os ingredientes?
É engraçado como temos a oportunidade em tantos momentos de aprimorar os outros sentidos que possuímos e, por preguiça, não o fazemos. Eis o motivo pelo qual nossa audição e visão foram os sentidos mais desenvolvidos pelo ser humano.
Por fim, uma oportunidade bem legal: testar o efeito 3D do áudio (sim, isso existe faz muuuuito tempo!). Tenho certeza que você vai se impressionar (use o fone de ouvido e feche os olhos):
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