E se talvez, quem sabe, possivelmente?
Agora é exatamente 01:18 da manhã e depois de ter assistido uns 3 episódios de diferentes seriados sinto que preciso escrever. Antes, durante o banho, tenho a vontade de escrever um texto mais ou menos assim:
"Caminhar. Verbo. Transitivo ou intransitivo? Depende: ele precisa de algum complemento? Às vezes, ao caminhar, quero simplesmente ficar em silêncio e observar (subitamente, imaginar), mas em outras, preciso de um estímulo para prosseguir, como uma música ou uma conversa. Portanto, se caminhar for calar, intransitivo; se caminhar for ouvir e falar e pensar e tudo, transitivo."
Parei ali, porque achei que seria interessante prosseguir pensando e comentando e explicando mais verbos, mais palavras. Mas então reparei: toda vez que eu escrevo fico tentando explicar (overmente, se é que existe um superlativo abrasileirado para over) tudo o que escrevi, e pondo em minúcias não descritivas da situação, mas das palavras. Irritante, não? Peguei este costume não sei quando e muito menos por que, mas peguei e, como um vício, estou tendo dificuldades em largá-lo. Posteriormente, enquanto me vestia (depois do banho), pensei em mais uma pequena parte do possível texto:
"Todos deveriam artar todos os dias. Mas que raios seria artar? Por acaso isso existe? Não sei se existia, mas a partir de agora existe! E o que significaria? Fazer arte. A arte é tão pouco apreciada pelas pessoas, mesmo que a vida delas seja, basicamente, arte. O copo, a lapiseira, o computador, o vídeo, as letras, os números: tudo é arte! E daí? Bom, se todo mundo resolvesse fazer algum tipo de arte (pode ser aquelas clássicas, como desenho, pintura com tinta à óleo, escultura, cerâmica, etc) certamente passariam a dar algum valor ao que outros artistas fazem: veriam o quanto se estuda, pesquisa e pensa antes de se fazer um projeto, uma obra de arte."
Novamente, parei ali. Nem sei se valeria a pena prosseguir: viraria um texto falsamente político, chato e bla bla bla. E se eu fizesse disso uma discussão real? Seria entre quem? E se houvesse uma crise e então o personagem passasse a pensar sobre isso, porque a única coisa que o salvaria seria o artesanato, a arte? O que fazer, como fazer, qual contexto?
Se há algum tempo eu andava sem ideias, perdida na escrita e perdida nas palavras, acho que enfim estou tomando algum rumo. Ok, fiz, porcamente, apenas uma análise crua de um suposto texto que, em sua origem, já era possível identificar que não teria futuro (ao menos não naquele modelo, daquela forma). Quem sabe se estou perto ou longe de chegar a algum ponto nisso tudo? Talvez eu consiga escrever algo relativamente bom (assim espero) antes mesmo de julho (o que já parece ser daqui um ano, mas vai passar como se tivesse sido apenas em uma semana).
Entre distâncias relativas e possibilidades, ainda chegarei num destino qualquer, que espero ser o melhor possível. E de todos os possíveis textos que andei pensando e até mesmo tentando criar, sei que um vale a pena colocar:
"Caminhava alheia a tudo, flutuava porque não estava ali senão corporalmente. Tinha dúvidas se deveria dizer o ou a personagem. Que diferença faria? Tudo passava eferemante por ela, porque, no fundo, era complexa. Complexa por não ser difícil, mas cheia de coisas simples. Complexa."
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