Vamos falar sobre o Museu Nacional?
Hoje é terça-feira, dia 04 de setembro.
Há pouco mais de um mês eu venho fazendo das terças o dia em que eu publico o primeiro post do quadro Mapa dos Rolês, quadro este que visa divulgar lugares que possuem algum tipo de programação de eventos e que num geral não seriam divulgados pelas principais mídias que cuidam dessa parte da informação e geração de conteúdo virtual ou físico de Sampa. Mas tendo em vista os últimos acontecimentos, acho que não poderia deixar passar batido o desastre que vem chocando e nos deixando desesperançosos quanto ao futuro cultural de um país tão rico, tão belo e que tem tudo para ser tão próspero (em todos os sentidos).
Então vamos colocar no calendário, além da data de hoje, mais três datas importantes para este post. A primeira é o dia 02 de setembro que foi o último domingo (mais especificamente à partir das 19h30): dia em que o Museu Nacional pegou fogo.
Sobre esta data, tem tanta coisa pra se dizer... Pra começo de conversa, se você pesquisar agora no Google Museu Nacional vai aparecer um resuminho vindo direito do Wikipédia dizendo que
Logo em seguida vem endereço e horário de funcionamento (no momento em que escrevo este post ele me informa que logo o museu fecha. Indica todos os horários normais de um dia normal de funcionamento). Sim: nem o Google conseguiu digerir essa atrocidade maluca que rolou em questão de horas, porque, afinal, hoje já não é mais um dia normal de funcionamento pro Museu.
De repente, todos (re)tomamos consciência de que existem museus, que eles são importantes, que eles precisam existir e continuar existindo. Quer dizer, nem todos: apesar de textos e mais vídeos e mais papos em cada esquina comentado e lamentando o acontecido, ainda existe um grupo que talvez não entenda o que isso significa para nós (não apenas como país, mas como uma comunidade mundial de fato). Então vamos entender, enfim, o que este incêndio tem a ver conosco.
Primeiro de tudo, você sabe o que significa um museu? Museu não é apenas o espaço onde temos exposições de objetos únicos ou mesmo raros. Museu também é o local onde se conserva e estuda esses mesmos objetos únicos ou mesmo raros. Isso significa que tudo o que havia no Museu Nacional era de alguma forma insubstituível, desde o próprio prédio em si até as coleções e o acervo imenso e rico de objetos e corpos que fizeram e que, de alguma forma, ainda fazem parte da nossa história.
Foram os dinossauros que viveram em São Paulo quando a cidade ainda era apenas uma terra tomada pela floresta, floresta esta que tinha plantas que sequer existiam quando Pedro Álvares Cabral pisou em solo brasileiro. Foi Luzia que viveu em nosso país antes mesmo de ser um país. Foram objetos que fizeram parte do dia a dia de Dom Pedro I, que morou no Rio de Janeiro antes mesmo de o Rio ser cogitado como palco de incontáveis filmes e novelas. Enfim, foram coisas e seres que marcaram o Brasil de alguma forma e que estava nas mãos de pesquisadores, cientistas e historiadores para serem desvendados e quiçá trazer novas informações sobre a nossa história.
Pode parecer tolice falar o que estou para falar aqui, mas aquilo que é óbvio pra muita gente, acaba por nem passar na cabeça de tantas outras pessoas como uma verdade: entender o nosso passado como nação faz com que entendamos o nosso presente coletivo e individual (tanto os de nossas conquistas quanto de marcos horríveis que originaram tantos preconceitos e intolerâncias). Então siiim: o Museu é uma ferramenta incrível de acesso à cultura e indispensável base para a educação.
E sabe como foi que o Museu Nacional pegou fogo?
Bom, primeiro fato já conhecido pela maioria é a falta de investimento no próprio. E não apenas para melhorias, mas para seu sustento básico. Esta diminuição contínua e crônica, desde 2001, fez com que chegássemos ao valor ridículo de R$205.821 em 2018 (estas informações e outras, você encontra nesta matéria do El País). Quanto a causa física que deu início ao incêndio ainda não se tem nenhuma resposta tão concreta quanto a lacuna de verba, e sim: a polícia ainda vai investigar o ocorrido.
Outra questão absurda sobre o incêndio foi o combate ao mesmo: os hidrantes não funcionavam como deveriam, o que fez com que os bombeiros tivessem que recorrer à caminhões pipa. Sim, você leu corretamente: os hidrantes não estavam funcionando direito!! (aqui e aqui você encontra o panorama geral do que rolou no incêndio e um pouco do que tá acontecendo no pós-incêndio)
É claro que por conta disso a estrutura do prédio ficou abalada (aqui fala sobre o incêndio em si e mostra uma ideia geral de como era o mapa do mesmo), uma parte gigantesca do acervo se perdeu pra sempre (aqui você terá uma ideia do que virou cinzas e aqui tem até uma curiosidade sobre uma das múmias que compunham o acervo exposto do Museu), além de trabalhos de pesquisa em desenvolvimento e etc e tal. Mas o mais engraçado é que, de repente, surgiu uma proposta para reconstruir e recriar, de alguma forma, o Museu. De repente, sobrou dinheiro no orçamento, o mesmo dinheiro que poderia ter sido investido muuuuito antes desta tragédia ter acontecido... Engraçado, né?
Mas enfim, agora que já pincelamos um pouco de como foi esse desastre de 02 de setembro, bora seguir para as demais datas?
Muito bem, a segunda, é 07 de setembro, uma data que tem sido, ultimamente, mais importante por ser um feriado do que de fato por aquilo que representa. 07 de setembro de 1822 foi o dia em que Dom Pedro I proclama a independência do Brasil: Brasil deixa de ser uma colônia e torna-se um império. Sabe onde a declaração de nossa independência foi assinada? No prédio do Museu Nacional!!
E você consegue adivinhar qual é a terceira e última data? 07 de outubro! Sim, pode parecer clichê, mas votar conscientemente naqueles que irão nos representar em decisões que podem vir a melhorar e priorizar a educação e a cultura pode fazer com que os próximos Museus não sofram o mesmo descaso e abandono que o Museu Nacional. Então galera, bora pesquisar muuuito bem quais são candidatos que nos representam (ou chegam o mais próximo daquilo que queremos e acreditamos) e bora votar para, aos poucos, forçar a transformação!
E só para não terminar este post com moral política, afinal esta não é minha intenção nem de longe, vou indicar pra você alguns sites sobre Museus Brasileiros:
Há pouco mais de um mês eu venho fazendo das terças o dia em que eu publico o primeiro post do quadro Mapa dos Rolês, quadro este que visa divulgar lugares que possuem algum tipo de programação de eventos e que num geral não seriam divulgados pelas principais mídias que cuidam dessa parte da informação e geração de conteúdo virtual ou físico de Sampa. Mas tendo em vista os últimos acontecimentos, acho que não poderia deixar passar batido o desastre que vem chocando e nos deixando desesperançosos quanto ao futuro cultural de um país tão rico, tão belo e que tem tudo para ser tão próspero (em todos os sentidos).
Então vamos colocar no calendário, além da data de hoje, mais três datas importantes para este post. A primeira é o dia 02 de setembro que foi o último domingo (mais especificamente à partir das 19h30): dia em que o Museu Nacional pegou fogo.
Sobre esta data, tem tanta coisa pra se dizer... Pra começo de conversa, se você pesquisar agora no Google Museu Nacional vai aparecer um resuminho vindo direito do Wikipédia dizendo que
"O Museu Nacional, vinculado à Universidade Federal do Rio de Janeiro, é a mais antiga instituição científica do Brasil e, até meados de 2018, figurou como um dos maiores museus de história natural e de antropologia das Américas."
Logo em seguida vem endereço e horário de funcionamento (no momento em que escrevo este post ele me informa que logo o museu fecha. Indica todos os horários normais de um dia normal de funcionamento). Sim: nem o Google conseguiu digerir essa atrocidade maluca que rolou em questão de horas, porque, afinal, hoje já não é mais um dia normal de funcionamento pro Museu.
De repente, todos (re)tomamos consciência de que existem museus, que eles são importantes, que eles precisam existir e continuar existindo. Quer dizer, nem todos: apesar de textos e mais vídeos e mais papos em cada esquina comentado e lamentando o acontecido, ainda existe um grupo que talvez não entenda o que isso significa para nós (não apenas como país, mas como uma comunidade mundial de fato). Então vamos entender, enfim, o que este incêndio tem a ver conosco.
Primeiro de tudo, você sabe o que significa um museu? Museu não é apenas o espaço onde temos exposições de objetos únicos ou mesmo raros. Museu também é o local onde se conserva e estuda esses mesmos objetos únicos ou mesmo raros. Isso significa que tudo o que havia no Museu Nacional era de alguma forma insubstituível, desde o próprio prédio em si até as coleções e o acervo imenso e rico de objetos e corpos que fizeram e que, de alguma forma, ainda fazem parte da nossa história.
Foram os dinossauros que viveram em São Paulo quando a cidade ainda era apenas uma terra tomada pela floresta, floresta esta que tinha plantas que sequer existiam quando Pedro Álvares Cabral pisou em solo brasileiro. Foi Luzia que viveu em nosso país antes mesmo de ser um país. Foram objetos que fizeram parte do dia a dia de Dom Pedro I, que morou no Rio de Janeiro antes mesmo de o Rio ser cogitado como palco de incontáveis filmes e novelas. Enfim, foram coisas e seres que marcaram o Brasil de alguma forma e que estava nas mãos de pesquisadores, cientistas e historiadores para serem desvendados e quiçá trazer novas informações sobre a nossa história.
Pode parecer tolice falar o que estou para falar aqui, mas aquilo que é óbvio pra muita gente, acaba por nem passar na cabeça de tantas outras pessoas como uma verdade: entender o nosso passado como nação faz com que entendamos o nosso presente coletivo e individual (tanto os de nossas conquistas quanto de marcos horríveis que originaram tantos preconceitos e intolerâncias). Então siiim: o Museu é uma ferramenta incrível de acesso à cultura e indispensável base para a educação.
E sabe como foi que o Museu Nacional pegou fogo?
Bom, primeiro fato já conhecido pela maioria é a falta de investimento no próprio. E não apenas para melhorias, mas para seu sustento básico. Esta diminuição contínua e crônica, desde 2001, fez com que chegássemos ao valor ridículo de R$205.821 em 2018 (estas informações e outras, você encontra nesta matéria do El País). Quanto a causa física que deu início ao incêndio ainda não se tem nenhuma resposta tão concreta quanto a lacuna de verba, e sim: a polícia ainda vai investigar o ocorrido.
Outra questão absurda sobre o incêndio foi o combate ao mesmo: os hidrantes não funcionavam como deveriam, o que fez com que os bombeiros tivessem que recorrer à caminhões pipa. Sim, você leu corretamente: os hidrantes não estavam funcionando direito!! (aqui e aqui você encontra o panorama geral do que rolou no incêndio e um pouco do que tá acontecendo no pós-incêndio)
É claro que por conta disso a estrutura do prédio ficou abalada (aqui fala sobre o incêndio em si e mostra uma ideia geral de como era o mapa do mesmo), uma parte gigantesca do acervo se perdeu pra sempre (aqui você terá uma ideia do que virou cinzas e aqui tem até uma curiosidade sobre uma das múmias que compunham o acervo exposto do Museu), além de trabalhos de pesquisa em desenvolvimento e etc e tal. Mas o mais engraçado é que, de repente, surgiu uma proposta para reconstruir e recriar, de alguma forma, o Museu. De repente, sobrou dinheiro no orçamento, o mesmo dinheiro que poderia ter sido investido muuuuito antes desta tragédia ter acontecido... Engraçado, né?
Mas enfim, agora que já pincelamos um pouco de como foi esse desastre de 02 de setembro, bora seguir para as demais datas?
Muito bem, a segunda, é 07 de setembro, uma data que tem sido, ultimamente, mais importante por ser um feriado do que de fato por aquilo que representa. 07 de setembro de 1822 foi o dia em que Dom Pedro I proclama a independência do Brasil: Brasil deixa de ser uma colônia e torna-se um império. Sabe onde a declaração de nossa independência foi assinada? No prédio do Museu Nacional!!
E você consegue adivinhar qual é a terceira e última data? 07 de outubro! Sim, pode parecer clichê, mas votar conscientemente naqueles que irão nos representar em decisões que podem vir a melhorar e priorizar a educação e a cultura pode fazer com que os próximos Museus não sofram o mesmo descaso e abandono que o Museu Nacional. Então galera, bora pesquisar muuuito bem quais são candidatos que nos representam (ou chegam o mais próximo daquilo que queremos e acreditamos) e bora votar para, aos poucos, forçar a transformação!
E só para não terminar este post com moral política, afinal esta não é minha intenção nem de longe, vou indicar pra você alguns sites sobre Museus Brasileiros:
- Museu Nacional: já que o papo todo girou em torno dele, nada mais justo do que compartilhar o seu site, né?
- Portal do Instituto Brasileiro de Museus: neste link, em específico, você tem acesso ao resumo do que é o projeto Museusbr, que visa mapear todos os museus existentes no Brasil (inclusive é possível cadastrar um museu por lá). O Ibram é um órgão responsável pela Política Nacional de Museus, melhoria dos serviços no setor e administra de forma direta 30 museus. Ah, e também tem o blog do Ibram!!
- Museu Brasil: um projeto que disponibiliza informações sobre mais de 150 museus de uma maneira super bacana e leve.
- Museus em São Paulo: no o site do próprio Governo de São Paulo tem uma lista com os principais museus existentes na cidade. E pra quem quer visitar os museus de Sampa na faixa, segue as dicas do blog Quase Nômade (que inclusive tem vááárias outras dicas muito bacanas pra quando você for viajar! Vale a pena dar uma fuçadinha no blog).
- Museus no Rio de Janeiro: pelo blog Fui Ser Viajante você encontra uma listagem com pouco mais de 40 museus cariocas que possuem a opção de serem visitados gratuitamente. E existe um projeto chamado Museus do Rio que tem o objetivo de valorizar e difundir os museus que existem por lá por meio de textos, fotos, vídeos e etc.
- Museus em Minas Gerais: você pode ter acesso a uma listagem dos museus pelo site de Minas Gerais. Pelo site Turismo Minas você tem a dica dos 9 museus mais bacanas!
- Museus no Espírito Santo: nesta matéria aqui a Gazeta listou mais de 75 museus existentes no estado pra você visitar!
- Programa de TV: sabia que a TV Brasil tem um programa que apresenta os museus existentes no país? No site você encontra um pouco do que rolou nos programas exibidos. O horário do programa é das 09h às 09h30 de sábado.
E pra fechar com chave de ouro, tenho duas curiosidades pra você: sabia que existem mais de 1.000 obras de museus brasileiros disponíveis virtualmente e em alta resolução pra você acessar? Dá pra conferir os detalhes nesta matéria do TecMundo. E por fim, sabia que existe o Dia Internacional do Museu? E pra você que, assim como eu, não fazia ideia eu te conto qual é a data pra você já ir se preparando na expedição aos museus: 18 de maio!
É isso galera!! Leve mudança no cronograma do blog, grandes acontecimentos rolando no Brasil e um desejo de que, de hoje em diante, a cultura e a arte sejam cada vez mais valorizadas, melhor conservadas e ainda mais desenvolvidas neste país tão incrível quanto o nosso!
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