Mapa dos Rolês - Centro - Relato Pessoal

   Como de costume, para você não ter que passar por um post mais do que quilométrico (porque grandinho ele certamente já é haha), eu divido o Mapa dos Rolês entre o post com as infos gerais dos lugares por onde passei (clique aqui para ver) e este daqui onde vou relatar minha experiência em cada um dos lugares incríveis que colei 😊
   E para mostrar que a família de rolês está ficando lindamente grande, dá uma conferida nas edições que fiz da Vila Madalena (clique aqui) e vem desbravar o primeiro mapa que fiz do Centro (clique aqui para ver as infos gerais dos locais e aqui para ler meu relato pessoal). Depois me comenta o que você achou dos lugares que eu visitei, se já passou por algum deles ou mesmo se tem alguma dica bacana de rolê mandando um e-mail para djgraziflores@hotmail.com ou mandando uma mensagem no Facebook da Anônima!!
    Bora começar do começo: pra conseguir passar em todos lugares que visitei eu fiz um pequeno cronograma... E se você estiver na vibe de fazer a mesma maratona que eu, segue o roteiro logo abaixo (lembrem-se de confirmar o horário de funcionamento disponibilizado no post anterior):

  1. Sensorial Discos
  2. UGRA PRESS
  3. Foto Cine Clube Bandeirante (FCCB)
  4. Lira Empório e Bar
  5. Metropol

   Vamos seguindo a ordem dos acontecimentos: primeiro e comecei meu trajeto desembarcando na Augusta e, portanto, descendo na estação Consolação (inclusive é um dos melhores pontos de encontro da cidade!). A descida da Augusta, sentido Baixo Augusta, é simplesmente um caminho que todo paulistano já teve que fazer ao menos uma vez na vida, já que ali você encontra absolutamente tudo (ouso dizer que é o resumo do que rola na cidade como um todo): lojas, bares, restaurantes, teatros, baladas, escolas, universidades, galerias e mais uma infinidade de possibilidades. A nossa primeira parada, oficial, fica no lado ímpar da rua, na Galeria Ouro Velho: a Sensorial Discos.





   Confesso que assim que cheguei na galeria estava meio perdida (novidade, né? haha) e subi e desci escada quase que sem necessidade. Por sorte, no térreo mesmo, sem muita dificuldade, logo se avista a loja. Assim que cheguei conheci Wilson que, enquanto terminava de organizar um ou dois discos, respondia algumas questões sobre como a loja funcionava em seu novo endereço. Sim, exatamente: a loja em si já existe há muuuito tempo e já habitou alguns endereços de Sampa. 






   De forma resumida a história é a seguinte: apesar de a cronologia se perder um pouco no meio do caminho, acontece que a Sensorial chegou a permanecer cerca de 8 anos no centro, na Galeria Presidente e, antes de se mudar para a Augusta, rolou um hiato de aproximadamente uns 2 anos, até que foi para o lado oposto de onde se encontra atualmente e, há uns poucos meses fixou-se na Galeria Ouro Velho. Uffa, né?





   E o bacana é que lá são vendidos discos absolutamente novos, tipo recém prensados!! Então se tudo o que você quer é ouvir uma Lana Del Rey ou um Tame Impala direto da agulha e com cheirinho de novo, você tem que colar na Sensorial Discos!! Mas calma, ali também tem CDs, pra quem é mais fã da versão digital da mídia (inclusive, tá rolando queima de CDs: vários descontinhos nos que estiverem na estante encostada na parede do lado direito da loja!!). E (pasmem!) ainda rolam umas opções de fita K7 no canto superior próximo aos CDs!





   E pra falar em experiência musical, lá na loja, temos que conversar sobre duas coisas... A primeira são as brejas artesanais!! Bixo, ali tem muuuitas opções geladas de lata e long neck pra você consumir enquanto faz sua compra. Detalhe: as cervejas são todas brasileiras! Rola também um café nespresso e uns petiscos simples (como eles acabaram de se instalar no novo endereço, várias adaptações ainda estão no processo de desenvolvimento e tal, então ali só tem umas batatinhas ou amendoim, por enquanto). Descendo as escadas é possível conhecer o bar da loja, ainda no processo de se preparar para um novo fluxo de eventos (como rolava antes com apresentações de bandas e etc nos outros endereços). E, para fechar essa parte de eventos, a Sensorial tem participado de uma feira de vinis que acontece na própria galeria trimestralmente.






   E vamos seguir o baile? Muito bem, saindo da loja, andando uns tantos passo, ainda no piso térreo da galeria, logo você vai se deparar com uma loja recheada de desenhos nas paredes e estantes recheadas de HQs: você acaba de aterrizar na UGRA PRESS!!






   Sentada à mesa que é tipo a recepção da loja, conheço a Daniela que, super simpática, já me alerta no meu primeiro pensamento de supostamente encontrar por ali uma seção de mangás:

   - Aqui a gente só vende HQs independentes! Inclusive, não temos nem sequer um dedicado aos heróis que você encontra nas bancas!

   Ou seja, você pode até conseguir algum mangá perdido por ali, mas sempre nesse viés de publicações independentes. É ou não é pra gente já se apaixonar pelo espaço?






   E pra quem tá se perguntando o que é que significa Ugra, a Dani te explica:

  - Em sânscrito significa radical! Acho que como a loja já tinha essa pegada de sair fora do padrão por aquilo que vendemos, essa pegada de significar radical caiu como uma luva pra gente e pra ideia que a gente quer passar pros nossos clientes.

   Certamente atingiram o objetivo: quadrinhos dos mais variados estilos, roteiros e tamanhos encontram-se por ali misturados com os desenhos criados pelo quadrinistas que participaram das atividades culturais e deixaram uma parte do quadrinho gigantesco que conta sobre UGRA e acabam por lotar as paredes.






   Na loja acontecem lançamentos de HQs, bate-papos com os autores, cursos e workshops (inclusive com profissionais da escola Quanta). Além das HQs, no canto esquerdo ao fundo, próximo da escada, tem uma arara com várias camisetas com estampas bem bacanas e até divertidas feitas por "As baratas" (clique aqui para conferir o Facebook deles)! E sim: também tem uma opção de camiseta com uma arte autoral da UGRA.







   Muito bem, agora vem comigo porque vamos sair da Galeria Ouro Velho e ganhar a rua novamente. Descendo, de forma despretensiosa, mas agora do lado par da Augusta, tem um lugar que, para quem não conhece, parece uma incógnita: portas de vidro, parede com vários posters coloridos, umas fotos aqui e ali. Dou uma super sorte de conseguir ser guiada e atendida por José Luiz (que aliás, já estava finalizando o seu expediente, mas foi super gentil e paciente para me contar a história do local, o cronograma do espaço, as novidades e tudo o mais). E esta sorte vem, em especial, do fato de ele já estar no Foto Cine Clube Bandeirante (FCCB) há alguns anos e conhecer tudo nos mínimos detalhes.




   Sim, estamos no Foto Cine Clube Bandeirante (FCCB), um dos mais antigos clubes de fotografia de Sampa (quiçá o mais antigo) que em 2019 completa nada mais nada menos que 80 anos!! Incrível, né? Então senta que lá vem história: quando a fotografia estava chegando aqui no Brasil, sendo testada e desbravada, alguns dos pioneiros na arte resolveram organizar um clube de fotografia (conversariam, exporiam, experimentariam e publicariam apenas sobre fotografia) em 1929. Não tendo muito público pra ideia se desenvolver, o clube se diluiu.







   Mas a paixão pela fotografia nunca deixou de existir: os amantes da arte sempre mantiveram reuniões e programas em rádio. Mais do que natural, em 1939 acabou por ser fundado o Foto Cine Clube Bandeirante (FCCB) que já contava com 50 membros (o que era bastante pra época, considerando que não era exatamente muito fácil de se adquirir uma câmera fotográfica ou mesmo de aprender a utilizá-la). As atividades tiveram início ali no Edifício Martinelli, já pondo à prova as habilidades de seus membros com um concurso de fotos com o tema de uma das primeiras excursões por eles realizada. Apesar de a história completa ser muito bacana, não haveria espaço o suficiente neste post para relatá-la, então para conhecer mais sobre o clube o José me indicou conferir 3 livros que abordam o FCCB, livros estes na foto abaixo.






   Enfim, muitas dificuldades foram transpostas pelo clube, muitas mudanças de endereço fazem parte da história e atualmente tá rolando uma reorganização e classificação de todo o acervo do clube. Mas nem por isso as atividades cessaram: são cursos, palestras, encontros, workshops, passeios, participação de salões e concursos. Pra se associar é super fácil e à um preço mega justo: cerca de R$350 por ano mais o valor das atividades que o membro desejar participar (no site do FCCB você encontra todos os detalhes). 






   Se você ainda não sabe se fotografia é a sua praia, você pode participar das atividades que são abertas ao público, como os passeios (se forem em Sampa, o FCCB pede a doação de 1kg de alimento não perecível para colaborar com a Casa Ninho. Se for fora de Sampa, é cobrado o valor do transporte que o grupo for utilizar) e o curso básico de fotografia (confirmar o valor com o clube). Algumas exposições também são abertas ao público.






   Agora te convido a dar um salto da Augusta para a Marquês de Itu: caminhando, pegando um ônibus ou um Uber, chegamos num canto que não dá pra classificar ao certo... Não é "o" bar, nem "o" empório e nem "a" poesia: é (de) Lira Empório e Bar!!





   Parece confusa essa minha explicação, né? Mas calma, você já vai entender o que quero dizer. Começando do primeiro oi, conheço Marcelo, um dos atendentes e sócios do local.

   - Aqui nós temos um espaço que é desconstruído, de fato: a mesa é coletiva com cadeiras diferentes umas das outras, o banheiro não é dividido por gêneros, o cardápio é brasileiro... Enfim, este é (de) Lira!
   - E o som...?
   - Brasilidades, é claro! Mas de vez em quando também rola um jazz ou mesmo um rock.

   Acho que dá pra gente perdoar esse deslize nos gêneros musicais, né? haha 







   Brincadeiras à parte são servidas junto à tábua de queijos ou de embutidos e a cada cerveja degustada porque, assim como rola aqui no Anônima, lá o tratamento é informal e pessoal! E isso acaba sendo um tempero especial à experiência que você terá lá no/na/(de) Lira: papos variados, cervejas especiais, queijos fáceis de se apaixonar, pão fermentado artesanalmente (este pela Beth Bakery), geleia de maracujá artesanal... Difícil será conseguir pontuar tudo o que existe de pontos positivos na casa, então vou facilitar a nossa vida e já te avisar logo de antemão o ponto negativo mais complicado de todos: Lira não é 24h!!





   Ao menos você pode levar um pouco deste gostinho (de) Lira de ser pra casa: são mais de 90 rótulos de cervejas especiais brasileiras! Ah, e esses rótulos, na verdade, são rotativos: já passaram mais de 600 rótulos de mais de 100 marcas (número impressionantes, né?) pelas estantes e geladeiras de lá! E se você tá achando que essa conta é fechada pelo espaço ter muitos anos de existência... Bom, já te conto logo de cara que não: faz menos de 2 anos que sete aventureiros resolveram juntar suas ideias e habilidades e força de vontade para dar vida a Lira!






   E como tudo na vida, Lira sofreu algumas mutações na sua forma de (co)existir ali: no primeiro ano rolavam vários eventos musicais e uma ocupação ativa do ambiente externo do espaço; atualmente temos um cardápio musical que é um misto de playlists próprias do local (disponíveis no Spotify) com shows acústicos (vulgo voz e violão) mensais. Ah sim, e temos o futebol de botão às quartas e a degustação de cervejas às terças (limitada para até umas 15 pessoas, ou seja: acompanhe sempre os eventos no Facebook) que dura cerca de uma hora, além de lançamentos esporádicos de cervejas. Ah, e uma vez por mês uma das torneiras dos chopps é substituída por um drink feito de gin!!






   Quem estava achando que eu iria deixar de falar sobre o significado de Lira, engana-se... Na verdade, quem vai te contar é o Marcelo:

   - Ah, Lira é isso, né? É poesia, é inspiração, é esse viver da boemia!!

   Acho que ele resumiu e muito bem essa história toda, né?




   E por falar em história... Siim, este post tem muita história por parágrafo, mas vamos combinar: todas elas valem cada pixel das palavras na tela!! Então apertem os cintos, caminhem mais um pouco comigo até a Galeria Metrópole (mas aperte o passo pra não ficar do lado de fora: os horários limites de entrada são bem rigorosos e, confesso, relativamente cedo pra cidade 24h que é Sampa) para conhecer Metropol.




   Bar, balada e espaço mutante: eis que sou apresentada ao Metropol pela visão intimista de Daniel! Os sócios são arquitetos de formação, mas trabalharam com publicidade, moraram em Berlim e abriram um bar! Acho que só por este breve resumo já deu pra perceber que aquele poster colado na parede não é só descolado ou bonitinho: é uma parte da história de um dos sócios. E aquele armário naquela parede guarda mil pedacinhos de história dos sócios que, aliás, se mistura com a própria história do bar.






   Pra começo de conversa, ali rolam diversas festas... Todas com entrada gratuita!!

   - A gente chegou num momento em que o cenário de festas e eventos de São Paulo era super democrático, já que acontecia nas ruas! Acompanhando esse movimento e essa lógica, a gente cria festas nas quais as pessoas possam usufruir de um espaço bacana e sem cobrança de entrada!






   Agora vou compartilhar com vocês duas histórias de itens marcantes na decoração do Metropol. A primeira é sobre a banheira que tem do lado de fora do bar e que acaba fazendo as vezes de um banco: um dos sócios, quando estava de mudança para um apartamento no centro, deparou-se com a banheira ainda intacta sendo removida pelos funcionários que ali estavam organizando o imóvel. A banheira seria jogada fora, então para evitar tamanho desperdício, a peça foi cortada e transferida para o bar como uma alusão ao filme Bonequinha de Luxo. E a segunda história, ainda mais icônica, é sobre a famosa manequim que meio que virou a cara do Metropol. Primeiro de tudo, o nome dela é Valentina e ela veio diretamente de... Um brechó (e o interessante foi que ela não era necessariamente uma das peças à venda)!! Um dos sócios a encontrou já neste formato, cheia de colagens de uma HQ erótica... E uma das curiosidades acaba sendo que cada uma das partes de seu corpo tem recortes de trechos com tais partes desenhadas (tipo, próximo aos olhos há recortes de desenhos de olhos da HQ). E o sapato que ela utiliza foi comprado aleatoriamente sem se ter conhecimento do número que "ela calçava" e ainda assim deu super certo!





   No cardápio rolam apenas bebidas: as comidas são pedidas no bistrô que tem ali ao lado. Das bebidas mais diferentonas temos o próprio Metropol, que em sua combinação conta com gengibre e Campari. O espaço chega a ser modular com suas poltronas e mesinhas com rodinhas e rola uma ocupação de parte da agenda de eventos pelo coletivo Heteronormadiva e a exibição do programa "RuPaul's Drag Race" (que inclusive já juntou uma quantidade incrível de pessoas na galeria, a ponto de ocupar todo o espaço ao redor de onde o bar está situado). E, claro, a parede do canto direito do bar sempre está ocupada com a projeção de vídeos diversos, que algumas vezes chegam até a combinar com a música do ambiente.






   Uffa!! É isso: enfim chegamos ao fim do post!! Valeu por terem acompanhado esta jornada até o fim e preparem os sapatos e mochilas de rolê: semana que vem tem mais 😉
   E aproveitem para acompanhar os Rolês em Sampa (vulgo agenda cultural) que eu publico semanalmente com os rolês mais bacanas da cidade (clique aqui para conferir)!!


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