Fita de Cinema - O Confeiteiro

   Alô, galera!
   Então, já faz um tempo que eu fui ao cinema assistir este filme (na real foi no início de Janeiro, junto com o filme Emma e as Cores da Vida que foi tema do último post do Fita de Cinema, pra ser mais exata) e desde então eu estou nessa ânsia por postar aqui. O problema é que o filme é completamente complexo do ponto de vista crítico/interpretativo e não queria escrever um post que ficasse superficial sobre sua incrível desenvoltura na evolução da relação entre os personagens.
   Enfim, chegou o momento de abordar o filme por aqui!!


   Tudo começa com Thomas, um alemão confeiteiro que possui sua própria loja onde vende suas criações com receitas tipicamente alemãs. Certo dia Oren entra em sua loja e, ao pedir uma indicação à Thomas sobre os doces disponíveis na loja e degustar um bolo, mais especificamente um pedaço de Floresta Negra, os dois iniciam uma relação que vai além dos quitutes e passa a se tornar um relacionamento amoroso com a intensidade e frequência proporcionais às viagens à trabalho de Oren à Berlin. Os dois mantém o relacionamento por cerca de 1 ano, até um dia em que Oren volta para Jerusalém, cidade onde o mesmo mora, e nunca mais retorna à Berlim ou entra em contato com Thomas. Tudo o que Oren havia deixado se resume a uma caixinha com biscoitos de canela (costumeiramente levados à esposa de Oren: sim, ele possui uma família em Jerusalém), um molho de chaves e um vazio que Thomas busca entender deixando mensagens de voz na caixa postal de Oren.



   A relação mantida pelos dois era bem sincera e aberta: Thomas sabia sobre a família que Oren tinha em Jerusalém e os dois conversavam sobre a rotina que Oren mantinha em suas relações com a esposa. Solitário, confuso e na aflição de estar sentindo-se abandonado Thomas toma coragem e vai à sede alemã da empresa para a qual Oren trabalhava simular uma entrega dos tais biscoitos de canela que o amante havia deixado para trás: eis que o suspense termina com a notícia de que Oren havia morrido num acidente.



   Então, numa busca maluca por obter respostas sobre a vida de Oren e sua morte, ao mesmo tempo em que tenta remediar as escolhas que ele fez e que surtiram efeitos na vida da família de Oren, Thomas cruza a Europa e desembarca em Jerusalém e vai até a recém reaberta cafeteria de Anat, esposa de Oren. Entre idas e vindas, Thomas consegue um emprego na cafeteria para tentar ajudar Anat a dar conta dos afazeres do pequeno empreendimento.



   Eis que, no dia do aniversário do filho de Anat, Thomas resolve assar seus famosos biscoitos de canela e é reprimido por Moti, irmão de Oren, por ter posto o certificado kosher do estabelecimento em risco por ter cozinhado e assado algo sem ser judeu. Neste ponto, percebe-se que Anat não é tão rigorosa quando se trata de religião quanto o cunhado e, mesmo receosa de perder o certificado de certa forma passa a apoiar Thomas. Enfim, uma relação de confiança vai se fortalecendo e se fundindo cada vez mais entre eles até o ponto de o desenvolvimento gastronômico da cafeteria culminar com a evolução de um laço mais íntimo e apaixonado para além da intersecção culinária que sela as relações no filme.



   Com a direção, roteiro e produção de Ofir Raul Graizer o filme consegue levantar todos os assuntos que, atualmente, são extremamente polêmicos (como a sexualidade e a religião dos personagens) sem fazer deles o ponto central do filme, o que torna o filme ainda mais curioso, ainda mais porque somos levados, como expectadores, a tomar a posição de observadores das situações que pipocam como resultado da relação dos personagens. Isto só é possível porque o enredo do filme faz com que fiquemos numa constante e instigante dúvida sobre qual opinião formar para interpretar o filme: Thomas é tão vítima da falta quanto Anat ou seria ele o culpado por toda a situação? Outro ponto extremamente curioso é o fato de Anat ter/ser uma parte da materialização da relação de Thomas e Oren (pelos relatos que Oren fazia do cotidiano) e Thomas é uma parte da materialização da relação de Anat e Oren (pelos biscoitos de canela e pelo fato de - Alerta para Spoiler - Thomas aceitar algumas peças de roupa e pertences de Oren e passar a usá-los).




   Isso sem contar na estética do filme: a paleta de cores focada na combinação infalível de azul e laranja acrescentando significados que as falas não expõe. Além, é claro, da trilha sonora densa e com uma atmosfera extremamente envolvente.
   Ah, um detalhe importantíssimo no que tange a poética do filme: Thomas é cara muito reservado que se expressa majoritariamente pelo gestual alongado e ritmado, além de trazer quase que uma vivência 3D ao paladar.



   Bora conferir um pouco desta trilha sonora incrível:





   Aproveita para conferir as sensacionais publicações que foram feitas à respeito do filme na Folha de S. Paulo, Cinema com Rapadura, Vertentes do Cinema, Papo de Cinema e, como de praxe, dá uma conferida na sinopse feita pelo Adoro Cinema:

"Thomas (Tim Kalkhof) é um alemão dono de uma confeitaria que viaja para Jerusalém em busca da esposa e filho de Oren (Roy Miller), seu amante morto. Ao chegar lá ele começa a trabalhar para a viúva de seu amante, que não tem ideia de que eles compartilham uma tristeza sem nome sobre o mesmo homem."


   E o crème de la crème, o trailer: clique aqui para assistir!!

    Espero que vocês tenham curtido a dica de hoje!


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